3º S[PLURAU]

3º S[PLURAU]

Cenários alternativos de

planejamento territorial

para o século 21

17 a 20

de junho

2024

Por que é importante propor cenários alternativos para o planejamento territorial no século 21?

Ao menos por uma razão principal:  tendências estruturais, robustas e cada dia mais fortes de que a humanidade parece estar sendo conduzida, inexoravelmente,  a becos sem saída.

Na equidade entre os seres humanos, no equilíbrio ambiental, no bem-estar ou no bem viver, na paz, na liberdade e no cumprimento de numerosos princípios e direitos consagrados pela deontologia universal. 

Alguns vetores ou manifestações destas tendências são a acumulação excessiva de recursos, a depredação sistemática dos recursos naturais na biosfera, pandemias e zoonoses, a concentração de poder, a dualização social e suas lacunas intransponíveis, a banalização cultural globalizante, a decadência do ensino e a educação, a violência explícita ou latente nas sociedades, o aumento exponencial da inteligência artificial e o declínio vertiginoso da inteligência natural das pessoas, as alterações climáticas e a degradação ambiental, entre outros numerosos alertas.

E quais poderiam ser os elementos para escolher os eixos reflexivos do seminário?

  • Planejamento territorial alternativo.
  • Análise de conjuntura e diagnóstico sobre: 1) constantes de grande inércia e de processos inexoráveis, sinais de diferentes futuros e processos incipientes ou emergentes de mudança; 2) mensagens dos territórios — as óbvias, as que rebentam os olhos e o coração, e as invisibilizadas, as que o statu quo não quer ver; 3) métodos de análise para identificar novas realidades, novas pistas e sinais.
  • Condicionantes estruturantes de cenários: (1) geopolítica e geoestratégia: múltiplas escalas e tipos de áreas geográficas, redes, fluxos, nós, modos de expansão, disseminação, poluição, dinâmicas e morfologias; 2) tecnologias de — guerra, conquista espacial, mobilidade, comunicação, manipulação genética, robotização e inteligência artificial, energia, agricultura, pecuária, produção florestal, etc.; 3) saúde — pandemias e zoonoses; (4) ciclo da água nos territórios e territórios aquáticos; 5) culturalidade e articulações sociais.
  • Imagens prospectivas.
  • Viver bem no século 21: o objetivo do planejamento alternativo.
  • Interseccionalidade do conhecimento, coordenação de políticas públicas, novas arquiteturas institucionais para a humanidade e seus agrupamentos.
  • Planejamento e espaço existencial para o século 21.
  • Fronteiras e regionalidades, instrumentos para explorar novos possíveis planejamentos territoriais.

Refletindo utopias científicas 

Diálogo geográfico-sociológico entre Milton Santos e Ana Clara T. Ribeiro

– A problemática da ação política continua vigendo e está aberta como lugar da reflexão, como lugar dos projetos, de construção de projetos, como lugar estratégico, como pensar estrategicamente, como escrever táticas dentro de estratégias, como compreender as forças opositoras, como compreender que eu não ando sozinho sem considerar a ação do Outro.  Isto é a ação política. Isto é o tabuleiro do jogo político. Esta é uma forma de pensar a ação que se abre com o Renascimento. Assim, o fundamental é ver que esta forma de pensar, que foi aberta pela modernidade, atravessa a modernidade inteira e continua conosco nessa modernidade radicalizada que vivemos hoje.

— O século 21 tem parecença com o século 16, tem algo de um Renascimento que as forças hegemônicas dirão que não existe.

— Daí a relevância da política, isto é, da arte de pensar mudanças e de criar as condições para torná-las efetivas. Aliás, as transformações que a história ultimamente vem mostrando permitem entrever a emergência de situações mais promissoras. Podem objetar-nos que a nossa crença na mudança do homem é injustificada. E se o que estiver mudando for o mundo?

— Estamos convencidos de que a mudança histórica em perspectiva provirá de um movimento de baixo para cima, tendo como atores principais os países subdesenvolvidos e não os países ricos; os deserdados e os pobres e não os opulentos e outras classes obesas; o indivíduo liberado partícipe das novas massas e não o homem acorrentado; o pensamento livre e não o discurso único. 

— A ação política está para além da reprodução, ela é pensada para além da reprodução, para além dos limites institucionais, para além do Estado no seu formato atual, para além dos mecanismos jurídicos conforme estão constituídos agora.

— Ousamos pensar que a história do homem sobre a Terra dispõe afinal das condições objetivas, materiais e intelectuais, para superar o endeusamento do dinheiro e dos objetos técnicos e enfrentar o começo de uma nova trajetória.

— Devemos nos preparar para estabelecer os alicerces de um espaço verdadeiramente humano, de um espaço que possa unir os homens para e por seu trabalho, mas não para em seguida dividi-los em classes, em exploradores e explorados; um espaço matéria-inerte que seja trabalhada pelo homem, mas não se volte contra ele; um espaço Natureza social aberta à contemplação dos seres humanos, e não um fetiche; um espaço instrumento de reprodução da vida, e não uma mercadoria trabalhada por outra mercadoria, o homem fetichizado.

Neste evento

No 3º Seminário sobre Planejamento Urbano e Regional e Arquitetura e Urbanismo (S-PLURAU) o tema é “Cenários Alternativos de Planejamento Territorial para o Século 21”.

Será realizado on-line, de 17 e 20 de junho de 2024.

O Seminário é resultado do convênio de cooperação técnico-científico-educacional entre a Universidade do Vale do Paraíba e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Envolve, respectivamente, os programas de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional e de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo.

O eixo norteador deste 3º Seminário será o diálogo geográfico-sociológico entre Milton Santos e Ana Clara Torres Ribeiro e suas convergências teóricas com as áreas de planejamento urbano e regional e arquitetura e urbanismo.

Eles nos trazem pistas para a análise crítico-propositiva de cenários alternativos possíveis de planejamento territorial para o século 21; estabelecem fundamentos de uma urbanologia inicialmente esboçada por Milton Santos em conferência ao Comitê Internacional para Documentação e Conservação de Edifícios, Sítios e Bairros do Movimento Moderno (Docomomo), em 2001, Brasília.

A urbanologia candidata-se a complementar e até suplantar o urbanismo já que: 1) lança bases para uma nova economia política da cidade; 2) impulsiona a “busca de sentidos no lugar, do lugar, no capitalismo anárquico da vida real de todos os dias, do cotidiano’’, 3) convoca a imaginação urbanológica e não apenas urbanística; e 4) propõe uma teoria que reúna coisas e ações, técnica e política para se alcançar um “urbanismo cidadão e não um urbanismo das empresas, um planejamento cidadão e não o planejamento que beneficia e interessa a uma parte apenas das populações”, explica Milton Santos.

As condições históricas de hoje aparecem como uma propícia janela de oportunidades para: 1) impulsionar o amadurecimento dessas formulações inicialmente esboçadas pelo geógrafo; e 2) expor amplamente à sociedade a hipótese de que o período popular, ou demográfico da história,  também proposto por Milton Santos, encontra-se constituído nas pequenas e incontáveis ações e reações contra-hegemônicas conquistadas pela maioria da população.

Vivemos agora seus momentos iniciais. A instalação da contradição em estado puro que desencadearia tal aceleração é observável, ao menos, em quatro evidências: 1) no inovacionismo; 2) na crise ambiental; 3) na crise societária; e 4) na crise da saúde coletiva. Com parecença ao urbanismo do século 19, a urbanologia, no século 21, contribui para aprimorar a reflexão urbanística e da planificação territorial em concomitância com a formação do período popular da história.

Também serão realizadas atividades preparatórias para duas proposições estratégicas.

Sisal, Sistema de informação para planejamento territorial latinoamericano
Rede Territorialistas, Sujeito coletivo de pesquisa sobre inovação, futuro e de planificação territorial

Para Celso Furtado, um intelectual público brasileiro

CelsoFurtado1

Logotipo: desenho de capa da 2ª edição de Uma Política de Desenvolvimento Econômico para o Nordeste – SUDENE, estudo elaborado pelo Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste, de 1959, coordenado por Celso Furtado.